quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Muda de vida :)

Tenho dois amigos numa situação muito semelhante. Ambos começaram a perceber que o local onde trabalhavam lhes fazia mal. Ambos com patrões insensíveis, completamente ignorantes no conceito de gestão de uma empresa (quando pessoas sem formação - e não falo só de formação académica, falo de valores - assumem a liderança caem no erro de pensar que para o sucesso da empresa basta compreender o números. Como se eles surgissem por acaso, como se os números não fossem resultado do trabalho de PESSOAS).
Os problemas de trabalho começaram a tornar-se problemas pessoais. É impossível sair do trabalho e esquecer o que lá se passa. Acho que acontece com toda a gente. Sobretudo quando as nossas qualidades como profissionais são postas em causa por pessoas que, diga-se de passagem, nestes dois casos, não têm qualquer legitimidade para o fazer.
E pronto. Duas pessoas tristes com o rumo da sua vida profissional que começaram a perceber que a motivação para fazer o trabalho de que gostavam começava a desaparecer.
Também acho que acontece com toda a gente, nestas situações, ter medo de arriscar, de mandar tudo ao ar. Vivemos todos acomodados. Queremos um emprego estável - e nos dias de hoje isso é coisa rara - e lá vamos aguentando um patrão incompetente que nos faz a vida negra.

É por isto mesmo que admiro muito estas duas pessoas. Mesmo com medo de arriscar, decidiram os dois que mereciam melhor. Um deles já bateu com a porta, o outro (outra, neste caso) vai fazê-lo em breve. Acho que é uma lição...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

De perto ninguém é normal

Esta é uma frase que uso frequentemente. E por mais simplista que possa parecer, creio que é uma das maiores verdades desta vida.
Mesmo os mais certinhos, aqueles que fazem tudo bem e na hora ideal (aliás, sobretudo esses) têm grandes pancadas quando os conhecemos realmente. Não deve ser por acaso que os maiores psicopatas são socialmente considerados seres humanos exemplares, cumpridores e responsáveis.
Acho que o problema aqui é de proximidade. Isto é, a distância a que estamos de alguém faz-nos criar uma imagem que, em regra geral, deturpa a realidade. E se isso tanto acontece quando estamos muito longe como quando estamos muito perto. Por um lado, quando aquilo que sabemos de alguém é baseado em ideias que formamos à distância, o mais certo é estarmos errados e falharmos por completo a leitura da outra pessoa. Mas por outro, também é verdade que o facto de estarmos muito próximos de alguém, de gostarmos dessa pessoa, de a conhecermos bem, nos induz em erro. Damos connosco e ver somente o lado bom e é preciso dar um passo atrás para percebemos que a imagem está agora totalmente desfocada.

Às vezes é um choque. Mas acho que quando vale mesmo a pena, voltamos a acertar o foco e, vendo então defeitos e qualidades, tudo faz sentido.

Já me aconteceu algumas vezes perceber que estava demasiado próxima de alguém para perceber quem era realmente - como quando encostamos uma caneta mesmo, mesmo aos olhos e só vemos uma mancha. E também já me aconteceu dar o tal passo atrás, afastar-me, olhar com mais clareza e chegar à conclusão de que se tratava de um caso perdido. O curioso é que numa dessas situações optei por me afastar da pessoa e acho que ela nem percebeu. Se calhar ainda não me focou como deve ser :) Vamos ver quando descobre...