sábado, abril 16, 2016

Amor verdadeiro

Não acompanhei devidamente aquela gravidez.
Não soube quando eram exames e ecografias. Não perguntei uma única vez se estava tudo bem. Não fiz uma festa na barriga. Não torci para ser menino ou menina. Não comprei uma única peça de roupa ou lembrança. Não tive vontade de o fazer nem vontade de fingir.
Passaram nove meses e o bebé nasceu. Não fui vê-lo à maternidade. Não liguei no próprio dia a dar os parabéns. Mas uns dias depois fui vê-lo a casa...

Não sei explicar o que nesse momento aconteceu. Já tinha ouvido falar de amor à primeira vista mas não podia sonhar com a força e intensidade de um sentimento como este. Estava a dormir ao colo da mãe (fazia-me lembrar o meu irmão em bebé). Aproximei-me sem pensar, sem os receios e as reticências que ditaram o meu afastamento durante a gravidez. Do outro lado uma mãe generosa estendeu os braços dizendo: "Toma, pega no teu sobrinho." E peguei.

Como é possível amar-se de imediato um ser que nunca vimos? Como?
Não sei como, mas é possível.

O meu sobrinho é a luz dos meus olhos e o amor da minha vida. De certo veio ao mundo para ser feliz e fazer-nos felizes. Mas talvez tenha vindo também para me ensinar algo. Lição aprendida, Leo.