sexta-feira, setembro 04, 2009

Várias realidades

Há muitas razões para que a minha visão do jornalismos seja hoje completamente diferente daquela que me levou a inscrever-me na escola superior de comunicação social.
Nunca fui uma daquelas alunas apaixonadas pelo jornalismo com a visão romântica da profissão-que-faz-a-diferença-na-luta-por-um-mundo-melhor. No entanto, acreditava (hoje vejo que me iludia) no jornalismo isento (embora dificilmente objectivo) e no rigor da informação. Sei lá... parece disparate à distância de 5 anos de experiência profissional e muitos mais de espectadora mas a verdade é que acreditava que o que movia a comunicação social era, mesmo, o desejo de informar.
Não é. É, isso sim, a vontade de estar em primeiro lugar, de ser líder de audiências (e aqui tb não sou uma romântica, sei que os órgãos de comunicação social têm que dar lucro) e contar, contar, contar... seja o que for... mas contar!

Hoje não existem fenómenos que são depois contados pela comunicação social. Existem fenómenos que são criados pela comunicação social. E isso custa-me horrores. Não é parvoíce. custa-me mesmo!

Os exemplos são... infindáveis!! Mas porque o tema é jornalismo, a actualidade impera: gripe A.
Acho absolutamente vergonhoso que a comunicação social alimente um fenómeno de marketing como a Gripe a se vem revelando ser apenas porque lucra com isso. Disfarçam a coisa com a santa-regra-do-interesse-público mas a verdadeira regra aqui é que o-medo-vende!
Bolas, as direcções de informação saberão certamente distinguir entre contagioso e mortal. São termos distintos. Sim, a Gripe A é muito mais contagiosa do que a gripe normal, daí o perigo de pandemia. Mas isso nada diz acerca da gravidade da doença. No máximo diz que todos corremos o risco de ficar com gripe este ano. Venha ela!

Esta pequena diferença não está clara para o público. E não só a comunicação social não contribui para esclarecer esta confusão como contribui para a sua existência...

E continuava... todos os dias existem assaltos a bancos. Mas se formos perguntar aos cidadãos esles dirão que houveram muitos... há uns meses... todos os dias havia notícias na tv. A diferença é que nessa altura as redacções saiam à procura dessa notícia em particular, condicionando a visão da realidade. E com facilidade se poderá comprovar que os picos de violência não coincidem com os momentos em que mais se falou disso nos noticiários.