sábado, outubro 14, 2017

Branco, vermelho, cinzento

A cada folha a chama aumentava. Cores diferentes, como se cada uma se alimentasse das palavras que o calor destruía.

Promessas, juras, desejos...

Em minutos o puro branco era cinzento. E o vermelho que tudo consome, não poupa, nem as mais bonitas,  nem as mais repetidas palavras.

Promessas, juras, desejos...

Dias depois, com o objectivo de devolver o cinzento ao Imenso Azul, encontro pedaços que o fogo não queimou. Pedaços de branco que de tão puros não houve vermelho que os tingisse.

Decido não questionar o quê ou o porquê de tal boicote. Escolhi o fogo por ser antagónico a mim. Pouco criterioso, devastador, devia cumprir o efeito e, sem selecções, dizimar promessas, juras, desejos.
Traiu-me e parece que não só ignorou a sua natureza democrática, como escolheu, melhor do que eu alguma vez poderia fazer, as palavras que não quis queimar.