Fechei os olhos na esperança de que a escuridão me desse
descanso. Mas uma lua, cheia, branca, brilhante, nasceu no horizonte para que
não me esqueça que sempre que um dia acaba outro recomeça… algures.
Fechei os olhos na esperança de que as recordações me
deixassem em paz mas a memória (traiçoeira) apenas me falha quando dela preciso
e agora( logo agora!) trouxe-me à lembrança tudo o que procuro esquecer.
Fechei os olhos na esperança de que me faltassem os
pormenores mas em mim ficou gravado cada cheiro, cada cor, cada toque e já não
sei se não é a memória mais real do que o que foi nela guardado.
Pergunto-te para quê? Porquê? Porque conservas em mim esta reminiscência
que traz de arrasto a saudade e em nada me apazigua? Porque me torturas com a
recordação do que já não existe em mim mas de mim não desaparece? Porque me
feres com uma espera pelo que pode não ter regresso?
Não podes tu escrever a lição num papel para que eu leia?
Prometo lê-lo até à exaustão. Ler, reler e ler mais uma vez. Prometo repetir
uma, duas, cem, MIL vezes – as que quiseres – em voz alta até que de mim faça
parte tal aprendizagem. Prometo. Mas por favor poupa-me. Poupa-me ao reviver constante do que outrora foi
presente e futuro mas que agora é… apenas… passado.