domingo, janeiro 27, 2019

Sem parar

Há uma fome em mim que não me deixa parar.
Fome. De Vida.

Um desejo de ir, conhecer, Saber - para além do que os meus olhos vêem e as minhas mão alcançam, o meu peito sente.

Uma vontade de fazer, de conseguir, de alcançar, o que me pertence mas ainda não está em mim.
Uma sede de chegar, estar e Sentir o sítio a onde pertenço.

Um desejo de Ser.

A ânsia de voar não me tira o Agora.
E por isso é no chão da sala que escolho sentar-me, é com os pés na areia que procuro respostas, é no silêncio que me encontro.

Ligada a TI -  que com uma mão me empurras para o que devo Ser e, com outra, me puxas para o que Sou.


terça-feira, novembro 27, 2018

Instantes

«Deus está nos pormenores».

A frase que me acompanha, ouvi-a pela primeira vez da boca de um ateu. Guardei-a na memória e apoderei-me dela.

Deus, o Meu Deus, símbolo máximo do Amor, da Alegria, da Luz, está, de facto, nos pormenores. É neles que residem aqueles minutos de alegria em que a felicidade nos atinge. Porque é assim que somos felizes - pela soma de pequenos instantes em que nos ligamos à nossa verdadeira essência...

Pormenores que fazem a diferença e são... mesmo... DEUS.

O agnóstico é incompreendido.
Não chega dizer que não aceita nem duvida da existência de Deus. Isso seria uma posição de quase indiferença, como a de quem nunca pensou no assunto. É o oposto.
O agnóstico não só pensou no assunto como quase sempre o fez mais do que o céptico ou o dogmático. Um que nega sem espaço para discussão. Outro que aceita sem questionar.

O agnóstico pensou, estudou, procurou, questionou. E sentindo que o importante é invisível aos olhos, não entrega aos Homens a capacidade de explicar e ditar o Divino. Sente-o. Não o explica. Nem procura explicar.

Deus, o meu Deus, manifesta-se todos os dias diante de mim. E sempre que o sinto, agarro-me à alegria que me traz.


Vivo de instantes, pequenos segundos.... Onde me encontro e sou, aí sim, Eu.


sábado, novembro 10, 2018

Medo ou Fé

«Não importa o que decides».

Estava ali. Escrito com todas as letras para que dúvidas não restassem.

«A verdade contida na natureza paradoxal do dualismo é esta: Não é O QUE escolhemos que importa; o nosso poder para influenciar um resultado está nas nossas razões para fazer determinada escolha».

Li. Voltei atrás.

Sentei-me direitinha na toalha, qual menina que ouve a lição.
Então: Não importa o que decides? Mas como? Como?

O que importa mesmo, o que determina se é certa ou errada a tua escolha, nada tem a ver com a escolha em si. O que realmente importa é a motivação por detrás da escolha.

Voltei a endireitar as costas. Tinha que estar atenta.
Um princípio tão simples e tão básico. Tão óbvio e ao mesmo tempo contraditório ao que sabia.

"O desafio está em perceber a motivação da nossa escolha. Percebendo as nossas motivações, aprendemos acerca do conteúdo do nosso espírito. Estamos inundados de medo, ou estamos inundados de fé? Cada escolha que fazemos contém a energia quer de medo ou de fé e o resultado será reflexo dessa energia".

Hoje sei que não aprendemos,  recordamos.  E esta lição quero que seja recordada por todas as células do meu ser.

Todas as decisões, das mais pequenas às maiores, das mais inconscientes às mais reflectidas, devem ser tomadas com a fé de que esse é o caminho, de que nos faz e sabe bem, e nunca por medo do que desconhecemos ou do que possamos perder com essa decisão.

Nada, absolutamente nada, é aleatório.
E cada escolha feita por fé tem o poder total e absoluto da verdadeira criação e mudança.

Reflicto e aceito.
Escolho a fé.




domingo, outubro 21, 2018

Tu...

... Perdeste.

As gargalhadas à noite. Nascidas do nada, transformando tudo. O riso que dobra e contagia. 

O acordar sorridente. Os olhos onde vias luz, gratos por mais um dia, mostrando-te como é bom acordar ao lado de alguém feliz.

O trautear constante, na voz que em nada honrava  a canção mas da qual hoje sentes tanta falta.

As danças em frente ao espelho enquanto se vestia, num disparate pegado que ninguém diria que estava atrasada para sair.

As conversas gostosas, a delícia da partilha, o aconchego de seres ouvido por alguém que genuinamente presta atenção aos que tens para dizer.

O olhar atento que te seguia, memorizando cada traço do teu rosto para se apaziguar nos momentos em que te ausentavas.

Os banhos quentes e longos, dos quais não apetecia sair nunca e onde não era preciso lutar pelo chuveiro, tão colados que estavam os corpos.

Perdeste.

Mas não chores. As lágrimas que hoje derramas são as que ontem ela secou.

terça-feira, abril 10, 2018

Lição da ignorância

Ouvi-te à primeira.
Escusas de repetir.

Porque ignoras que simplesmente escolho não fazer o que dizes?

Ouvi-te bem. Clara e correctamente.
Não precisas inundar a minha cabeça com o teu eco não deixando que nada mais ocupe o meu pensamento.

Sei o que dizes. De cor. E só não salteado porque por ordem deve ser dito.

Ouvi-te bem e à primeira.

Mas é a da minha vontade que surge a decisão de te ignorar. Talvez na inocência de alguém que acredita que pertence a si a sua própria vida.

Enquanto a lição não aprendo, a história repito. E enquanto me gritas aos ouvidos, ignorando prossigo. Até ao ponto em que habituada ao barulho, da tua boca só o movimento vejo, como se a um filme mudo assistisse.

terça-feira, janeiro 16, 2018

Verdade

Não espero muito das pessoas. Em geral nada, até.
Opto por deixar à porta quase todos os que, por acaso, ou intencionalmente, se perdem até à minha morada.
Mas daqueles que entram na minha vida, desses espero tudo. Nunca mais do que aquilo que dou.

Não foi preciso crescer muito para perceber que não me identificava com a maioria das pessoas. Se a certa altura isso me perturbou, à medida que me fui conhecendo e percebendo o meu caminho, passei a aceitar (e abraçar) a frase que tantas (e tantas) vezes ouvi: "És uma pessoa difícil de ler".

Hoje acredito que há um propósito em todas as pessoas que cruzam o nosso caminho. Não próprio nem deliberado (ainda que assim o pensem), mas decidido pelo Vida e a aprendizagem que para nós está preparada.
Somos, Todos, peões na vida uns dos outros.
É aqui que me encontro agora. Com esta percepção e certeza de que nada é por acaso. E com tamanha convicção vem a força e a intensidade de sentir que dos poucos a quem me dou realmente a conhecer, espero que nunca, mas nunca, questionem a minha essência.
Procuro viver em verdade. E as mentiras que na minha vida existem são, quando muito, as que digo a mim mesma.
Daí nada ser mais castigador do que perceber em alguém que entrou no meu mundo a incapacidade de, diante de mim, realmente me ver.



Por isso, olha-me nos olhos quando falo Contigo. É neles que me vais encontrar.

Se soubesses...
Como são adagas as palavras que, olhos nos olhos, espetas em mim... Por certo te calarias, seguro que apenas mais uma e deixarias de ver no meu olhar o brilho da Verdade que vejo em ti.




sábado, dezembro 23, 2017

Sim, eu sei




Tu     Que falas comigo - às vezes durante o sono, outras quando de olhos abertos apenas te sinto mas ver-te não sou capaz,
Tu     Que me dizes "coisas", mesmo quando não as quero ouvir - e da minha relutância fazes a tua insistência,
Tu     Que por vezes sussuras, outras gritas - mas nunca em ti calas o que queres dizer,
Tu     Que sempre (mas sempre) aqui estás mesmo quando por momentos te peço ausência,
Tu     Que parte de mim és, sem que em mim alguém te veja,
Tu     Que do aviso fazes caminho, do caminho penitência,
Tu     Que em mim estás...

Por favor, Diz-me agora o que já sei. Apenas para que apaziguado fique o meu espírito e tranquilo o meu ser.