Trouxe-te pela mão. Abri-te a porta e mandei-te entrar.
Ficaste à vontade e sentaste-te depressa. Parecias confortável.
E de repente era como se que aquele lugar fosse teu. Como se nunca de lá tivesses saído. Como se o habitasses desde sempre e para sempre.
Foi fácil.
Puxei-te novamente. Novamente pela mão te trouxe. Desta vez dei-te a chave. Olhaste-a e depressa a guardaste. Agora era tua. E eu já nada podia fazer.
Olhámos para trás. Não gostaste do que viste. Querias esquecer, fingir que nunca existiu. "Impossível", disse eu. "Terá que ser", respondeste tu. E de um gesto só puxaste a toalha que cobria a mesa. Caiu tudo ao chão. Tudo. "Não vês? Não percebes o que fizeste?" - os meus olhos gritavam em silêncio. Da tua boca um: "Apanha-se, tem calma. Volto a meter tudo no sítio".
Mas não vias o mesmo que eu. Apanha-se, sim. Mas no mesmo sítio? Não. E repito: "Impossível".
Como te atreves? Como tens coragem? Não devias nem podias... pões em causa o que foi e o que será. Sabes como foi difícil?
Fui eu quem te trouxe. Pela mão. Abri-te a porta e mandei-te entrar. Ninguém ia cruzar aquela porta, tinha jurado. Menti a mim mesma, eu sei.
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